quinta-feira, 8 de agosto de 2013

216. Velhice



Meu coração é estúpido, estranho, ridículo.
- não há nada nem ninguém que tire de mim esta sensação.
Quão patética tenho sido em acreditar que podia ser mais do que sou
que poderia ser quem eu quisesse,
que poderia domar o tempo...
Mas não tenho asas, não tenho armas, não tenho mágicas,
já me faltam forças pra caminhar

Olho-me novamente no espelho e me assusto com um espectro de mim - estou sumindo.
Não me resta muito a fazer
Tenho apenas aquele tempo em que embora exista alguma esperança
...você a vê se extinguindo...
Vou sumindo...oscilando entre ser e deixar de ser
Entre vibrar e esmorecer

Poeiras finas cobrem as luzes a as cores
Não tenha mais força para limpá-las,
não quero mais pensar que existe alguma possibilidade dos meus olhos voltarem a brilhar
Vou fechar minhas portas, guardar meus sapatos, retirar meus anéis
cobrir os móveis do castelo com lençóis brancos
Resgatar a tristeza que ainda pode dar-me algumas certezas, alguma serenidade

É preciso deixar de acreditar pra sentir paz.
É preciso deixar de lutar para sentir paz.
É preciso deixar de amar para sentir paz.
É preciso deixar de arder para sentir paz
É preciso deixar pra trás aquele fogo, aquele jogo,
aquele brilho, aquele novo, aquilo tudo.


É preciso se apegar aos retalhos, aos restos que sobraram da festa.
E esperar...
somente esperar que tudo isso vire cinzas e eu vá junto sumindo varrida pelo vento
MDansa

Um comentário:

  1. As cinzas se forem jogadas em lugares certos, poderão renascer em flores.

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