dos suores quando escorrem
afogando certos amores
da minha pele que desafina
quando o inverno passa assim
quando o inferno passa por mim
tão quente e tão frio
quase meio tom
da carne quando queima febril
da fumaça, da bruma, do vapor que entorpece
da névoa da noite
da cama
das suas costas
Do que é só febre descontrolada
fumegando de células desacopladas
Falar do corpo descompassado
da pele ardendo ruborizada
não não é mais de vergonha
apenas me acostumei com o medo
apenas queimo
sem discernimento
sem razão
toda ilusão
do que me irradia
como reflexo de lua
oferta aos orixás
de histórias narradas
de sombras ensimesmadas
de sobras metálicas
de tardes melancólicas
de dobras metabólicas
que seguem a via errada
entropia desavisada
onde perco me perco
e não falo
não falo
Mdansa
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
399. Até o fim
Até o fim do dia me cubro
exalando vapores e paixões
Até o fim da noite me descubro
emanando frescor
que gela os poros
respiração fria lenta
calmante e durmo.
MDansa
exalando vapores e paixões
Até o fim da noite me descubro
emanando frescor
que gela os poros
respiração fria lenta
calmante e durmo.
MDansa
398. Teias
Que meus cadernos se desfolhem
E minhas telas trinquem
E minhas portas tranquem
E meus cabelos trancem
E minhas pernas dancem
e minhas dores cansem
e minhas peles clamem
e meus laços atem
e minhas mortalhas matem
Que meus cachos encaixem
que meus braços alcancem
Que meus sapatos descansem
Que minhas tetas rachem
que meias teias bastem
que meus olhos tramem
Que meus punhos te amassem
que meus erros fracassem
que meus sentidos amem
MDansa
E minhas telas trinquem
E minhas portas tranquem
E meus cabelos trancem
E minhas pernas dancem
e minhas dores cansem
e minhas peles clamem
e meus laços atem
e minhas mortalhas matem
Que meus cachos encaixem
que meus braços alcancem
Que meus sapatos descansem
Que minhas tetas rachem
que meias teias bastem
que meus olhos tramem
Que meus punhos te amassem
que meus erros fracassem
que meus sentidos amem
MDansa
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Nikolas Behr
Põe Sia Nisso
agosto 79
quando minha veia poética
estorou ela virou pra mim
e disse " deixa sangrar "
|
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
397. Eus e deus
1. São teus
Os olhos sem mistério,
água limpa e profunda que me diz pra mergulhar
que me conta em segredo o que enxergou tão longe:
que me conta em segredo o que enxergou tão longe:
- as coisas invisíveis se revelam devagar...
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2. São meus
Os cacos que recolho do céu, camuflados nas estrelas
Os cacos que recolho do céu, camuflados nas estrelas
E o casaco pesado
que visto
Pra nova vida névoa
que é quase morte
que é quase morte
e por isso é fria
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3. São breus
As noites em que chafurdo
em arrependimentos, questões mal resolvidas, negócios inacabados
Lama de mágoa líquida e amor sólido
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4. São ateus
Os que criam a própria eternidade
Os que não podem errar / pois não contam com a complacência
divina\
Que não podem pecar /pois
não tem o perdão \
Não conhecem a serenidade e a quietude de quem tem fé
Por isso sofrem....
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5. São fariseus
Aqueles marcados /talvez\ pelo jugo cristão hipócrita e
revanchista
Apontados como brutos, sórdidos, putos, lutos, guerras,
suicidas, terras sem útero, povo sem glória
/Quem é quem nesta guerra arrastada e violenta?
Só a paz tem razão!\
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6. São orfeus
Aqueles que se perdem no mundo inferior
Em busca de amores mortos
Que subornam barqueiros /atravessadores de mundos\
Só é preciso acreditar em milagres, me dizem...
Mas não me deixam provar mitos e deusas
Por que não?
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7. São camafeus
Os que perfuram meu peito
Os que se prendem à
minha pele, os que não descolam de mim
/pedra fina cinzelada cravada como tatuagem\
Prêmios alexandrinos
Eros estampado como convite... Sedução...
E você não percebe meu tesão
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8. São ateneus
O que nos salva da estupidez e da barbárie
Livros abertos, sabedorias, saberes, arte
Que nos alimentam, recriam e elevam
Que nos pinçam do mar sujo de humanidade torpe
ilhas perdidas numa imensidão oceânica
Flutuo pra parecer que sei
mas não entendo nada.
Que nos pinçam do mar sujo de humanidade torpe
ilhas perdidas numa imensidão oceânica
Flutuo pra parecer que sei
mas não entendo nada.
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9. São amadeus
Os filhos de celtas, anjos da música
Os filhos da puta, anjos da vida
wolfgangs inquietos vienenses libertos
wolfgangs inquietos vienenses libertos
Almas angustiadas infelizes
que lançam no mundo
a mensagem arrebatadora avassaladora
que muda tudo, violentamente
a mensagem arrebatadora avassaladora
que muda tudo, violentamente
Poder da dor, contradição...
Divindade....
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10. São Zeus
tudo o que é início e o que é fim
tudo o que é pai e executor
rei e traidor
O sangue bandido herdado de Cronos
O herói banido sem capa,nem músculos,
nem juventude, nem ideologias patriotas
nem juventude, nem ideologias patriotas
Apenas arquétipo
Apenas resumo
Apenas triunfo
E isto é apenas tudo.
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11. São eus
Os que enxergam o que não se vê
Os que não dobram joelhos nem pedem perdão
Os que já estão quase mortos
Os que se lançam na escuridão
os embrutecidos, os drogados
os anti-heróis os sonhadores os apavorados
tudo que me excita ou me fraqueja
tudo que me cura ou me apedreja
tudo que me cura ou me apedreja
Os que são pisoteados
Os enganados, os fodidos
Os humilhados, os renegados, os ressentidos
os atacados os estuprados os entendidos
os vilipendiados, os estripados e os bandidos
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12. São todos EUS:
As partes de mim que nascem todo dia
E tudo aquilo que morre dentro em você
porque meus eus também são seus
E os meus seus são deus!
MDansa
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