domingo, 4 de agosto de 2013

217. Distorções I



Distorço a realidade com lentes de fantasia
Pra encaixar no travesseiro
devaneio metáfora poesia
Palavras que brotam que nem feijão
Da minha boca, da minha mão

Distorço a madrugada
Pra enfrentar o dia
seguir em frente
e deixar no caminho sinais de náufragos
Que me permitirão voltar ou não

Distorço as palavras
pra soarem calmas e torpes
te ninarem ou te apunhalarem

Distorço este momento
Suspenso no ar
Pra guardar em nós
um sentimento de lugar

Num instante o coração falha
Bate arrítmico descompassado
e doi como uma navalha

O coração que chora que sente
explode em ritmo alucinado de repente
como catraca como escola de samba
estourando tímpanos e himens
descontrolado distorcido e demente

MDansa

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