domingo, 27 de outubro de 2013

277. Tanto faz



Tanto faz que a noite me persiga
Que vultos me atormentem

Tanto faz que eu esbarre com o amor
E o perca e nunca mais o veja
Tanto faz que me julguem
enquanto ultrapasso barreiras
Da minha própria loucura
rompendo todos os limites improváveis inconsequentes

Tanto faz se erro
Enquanto me sentir segura na mão de anjos
Que me sustentam em escadas invertidas
e me protegem de quedas irreversíveis

Tanto faz porque sei que posso ser livre/ no fear/ no chains
Me arrisco pra sentir o sereno morno da praia deserta
O prazer da vida abriga todos os riscos
A sensação de experimentar
Sentidos e princípios
Que regem o mundo.

Tanto faz se amanhã ainda estarei viva ou não
Sempre lembrarei das sequências de beijos e vergonhas

Tanto faz se violei todas as regras
... Sei que fui feliz

MDansa

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

276. Tattoo

Desenho na pele
As dores da alma
Marcos de vida 
horas perdidas
palhetas precisas
Tremores

Minha pele porosa se pinta
Traços se sucedem na tela
rasgando minhas dores
Colorindo por dentro e por fora
a pele muda.

A pele muda...
A mudança é um reflexo
Dos meus dias
dos sinais...
das sinas...

Ajudo, dando tons vibrantes ao tempo que passa
...apenas....


MDansa

275. Alpendre ( Alto Alegre)



Balanço da rede
Fibras musculares tensionando fibras de algodão
Movimento e intenção de coisa alguma
Só leveza e fleuma
Só nada a não ser pluma.

Horas não contadas,
Distração de tempo e embaraço
- Abraço -

Segredo vespertino
Que aquece da chegada da noite fria
Cantarolam as cadeiras de balanço ruidosas
Estamparia de estrelas
Anunciada pela ave-maria

Alpendre de barro e tronco
De onde nascem e se derramam raízes profundas
Cravadas na carne e na tarde
Impregnadas em olhos cegos e eternos
- minha saudade -

Serenidade morna que preenche tudo
Até não restar pensamento
Só momento

O céu jorra cores escandalosas
A dor se alastra e se encolhe
O sol se põe engolido pela terra esponjosa

Em minhas fotografias mentais
Guardo pra sempre
Cada vai e vem pendular
E suas badaladas finais

A casa toda tem cheiro de eternidade

MDansa

274. Anjo


Lindo é olhar seus olhos acesos
Longas pestanas que destacam um brilho de raro cristal
moldura real pra pintura perfeita
Lindo é conhecer seu coração
De passadas exatas, compassadas, apressadas
De viver
Lindo é ver você

 MDansa
em 26/10/2013
Feliz aniversário

poesia cantada da Liv Nicolsky Lagerblad de Oliveira

Sou muito fã desta menina que conheci tão pequenininha, que peguei no colo e que hoje me ensina e surpreende muito. E ela nem sabe disso rs...

soundcloud da liv-nicolsky-lagerblad-de-oliveira

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

273. Gritos



Gritem alto agora, 
pois sou surda e distraída.
Preciso que seu grito me acorde e me remova
Dos ares e lugares onde vivo navegando

As vozes agora recitam versos antigos
Na calada da noite morta
Tristes versos de amores naufragados
De corações roubados
De violentas conclusões

Gritem suas dores que eu agora escuto
E posso calar as minhas
Transcrevo
Seus pesadelos em trovas
Suas miragens em medos
Suas vidas em histórias
Que deixaram de ser contadas
catalogadas
Que deixaram de ser vingadas
abandonadas

Vidas tomadas a força
Tocaias...
Que loucuras
Que doenças da alma
Desenharam seu destino?

Venham, gritem....
Que eu um dia
Estarei pronta pra revelar
segredos

MDansa

a imagem é uma tela de Oswaldo Guavasamin da série "las manos"

272. Contentamento



Eu me contento em permanecer
Por enquanto
Por aqui, atenta

Eu me contento em sentir
Um pulsar bem dentro
do peito apertado
Coração atrapalhado vagabundo
Resistente
A sobressaltos, sustos, dores e paixões

Aqui do seu lado 
Eu me contento com a noite
Se deitando sobre nós
Aconchegante coberta de estrelas
Que pinicam a pele
Mas não faz mal
Vale a pena me vestir pra festa

Eu me contento em ficar sentada aqui mesmo
Escrevendo bobagens
Recitando versos
Ouvindo vozes
Que ignoro no silêncio do dia
São meus fantasmas acordando
E me narrando histórias

MDansa

foto retirada de http://cantoescurodomeuquarto.blogspot.com.br/

271. Aurora revisitada



Mexo, exploro,
olho atentamente
o de dentro e o de fora
Tudo é um só universo 
de sons, cheiros, 
lembranças, temperos
O olhar penetra o infinito
A aurora violenta os olhos
e avisa que hoje
usaremos óculos escuros 

MDansa