Em minha enorme cidade - noite
Da casa dormente eu vou - adiante,
É filha, é mulher pensa - a gente,
Mas eu só lembro algo que é - noite.
O sol de julho me varre - a estrada
À porta, a música mal - se ouve,
Hoje até a aurora vai soprar - o vento
Por entre as finas paredes - do peito.
Há um negro álamo e no vitral - luz,
E som na torre e na mão - flor,
E este passo de ninguém - atrás,
E esta sombra, mas eu não - estou.
Fios de contas douradas - fogos,
Da folhinha noturna na boca - o gosto,
Amigos, libertem-se dos laços do dia
Lembrem-se de que me vêem - na fantasia.
Moscou, 17 de julho de 1916
Da casa dormente eu vou - adiante,
É filha, é mulher pensa - a gente,
Mas eu só lembro algo que é - noite.
O sol de julho me varre - a estrada
À porta, a música mal - se ouve,
Hoje até a aurora vai soprar - o vento
Por entre as finas paredes - do peito.
Há um negro álamo e no vitral - luz,
E som na torre e na mão - flor,
E este passo de ninguém - atrás,
E esta sombra, mas eu não - estou.
Fios de contas douradas - fogos,
Da folhinha noturna na boca - o gosto,
Amigos, libertem-se dos laços do dia
Lembrem-se de que me vêem - na fantasia.
Moscou, 17 de julho de 1916