sábado, 20 de setembro de 2014

404. Caminhadas



A vida segue
continua em frente
Estes passos
Cada vez mais frenéticos
Marcam na areia e no barro
As dúvidas que carrego
(Como cigana
Andarilha ou pássaro
Procurando pouso?)
(Um beduíno dono do mundo
Ou apenas alguém que se perdeu das próprias raízes?)

Deslocada em terras profanadas
Enquanto não encontro respostas, vou
Violando regras
Invadindo tendas
Mundos, igrejas,
Filosofias, certezas
Propriedades privadas
Domínio público

Encontro tribos e me
Aconchego
Apenas pra me sentir em casa
De vez em quando

MDansa

403. Brinks



Blogger
Blergh
Blurgh!
Block
Black
Brink
Plaft 

MDansa

402. Incertezas



Intuo como cigana
que o que tenho a dizer
É eco
Minha palavra
Minha língua
Minha mina
Parecem ressecadas
Não acredito mais em certezas
Duvido do que era confiável
Desconfio do que era razoável
Aposto em loucuras e voos rasantes
Os ninhos estão vazios agora
Olho quieta para uma solidão desconcertante
Que parece inutilidade
Que me faz duvidar de mim
Que me faz duvidar de tudo
Que talvez me mova pro abismo
E eu ainda descubra
Que posso voar
Ou não...
MDansa

401. Poesia é quase nada



A poesia me incomoda
É inconstante
É invasiva
Vem nas horas mais impróprias
E  martela na cabeça
suplicando pra sair
pela boca pelos dedos
pelo peito que explode
A poesia me cansa
Tenho por ela
uma mistura de enfado e desprezo
Tenho que estar louca pra achar
Que isso vale alguma coisa
Tão íntima
Tão inútil
quase ridícula

A poesia me arrasta
Pra lugares
Que não quero frequentar
Me ver como poeta
Quando poetas são tão estúpidos
Me faz entender que eu sou tão estúpida...

A poesia me expõe
Ao mesmo tempo que me envergonho
E me escondo
Preciso que você me leia
Me entenda
Me justifique
Me tranquilize

Afinal é só pra isso que escrevo
Pra que você continue achando que me ama
MDansa