Sobre a chuva
Sobre o medo
Sobre solidão
Sobre seguir em frente
Sobre descobrir forças escondidas
Sobre saudade
Sobre ausência
Sobre impossibilidades
Sobre perdão a si mesmo
Sobre o querer
Sobre o saber
Sobre movimento
Sobre ultrapassar barreiras
Sobre não ter limites
Sobre descobrir que se pode derrubar cercas
Sobre enfrentamento
Sobre laços eternos
Sobre necessidades
Sobre notas musicais num background monotônico
Sobre balões pesados que podem voar
e se tornarem leves
Sobre metas, mitos, matas
É...sobre fugas, cachoeiras
Ser Sana ou inSana
Sobre astrologia ou astrofísica
Sobre insegurança
Sobre reencontros e desencontros
sobre sonhos e estrondos
Sobre trauma,
Sobre raiva
sobre alma
MDansa
05/12/2015
sábado, 5 de dezembro de 2015
sábado, 24 de outubro de 2015
438.Um estilhaço de lembrança
Lembro de repente
Que não lembrei mais
Que não enlouqueci nem chorei
nem quis me matar
Lembro que olhei pra trás
E vi outro não mais você
E vi entre vivos e mortos
Não você mas apenas ele
No lugar certo na hora certa
De volta ao caminho
Depois de desvios alucinados
Estou onde devia estar
Obras no caminho
Acidentes desastres
Abutres catástrofes pedágios
presságios
Rimas perdidas na paisagem
Demorou mais que de costume
E não digo que me curei
Apenas amansei dentro do peito um dragão
Que incendiava minhas vilas
Minhas crianças
Lembro de repente de nós
Sem mordaças
Sem couraças
Com tudo que permaneceu e floresceu
Lembro de tudo
Lembro de repente de você
Lembro de repente de nós
Que já passamos
E esqueço aliviada
MDansa
437. Perdida no céu da boca
Perdida no inferno
Acorrentada e dolorida
Queimada e arranhada e ferida
Estrangulada pelas próprias mãos
Adestrada domada contida
Como um leão
Que teme e foge da chibata
Perdida no mundo
Sem achar caminho
Tentando atalhos e avenidas
Que não levam a lugar nenhum... até agora
(por favor, não desista!)
Sou seu espelho
Seu alter ego
Psicografando suas dores
E ao mesmo tempo lhe ferindo
Por não lhe colher como flor
Queria lhe oferecer paz
Mas ela não mora aqui
Perdida no céu
Da boca
No ocaso da garganta
Na voz firme mortal
Certeira e visceral
Fêmea pulsando beleza e futuro
Perdida no céu fugaz
distraída entre nuvens
distraída entre nuvens
Perdida no sangue
Que viu escorrer e conteve a tempo
Antes que não pudesse mais voltar atrás
O caminho é duro
Não há paradas pra descanso
Não há saídas de emergência
O avião está em pleno voo
sobe sobe sobrevoa voa paira
Em pisos de vapor
feitos de nuvens
Nuvens que formam imagens
imagens que são espuma e ao mesmo tempo algodão
E colchão de vento ou qualquer sabor que ocorrer na mente
- sabe-se lá até onde vai sua imaginação!
- sabe-se lá até onde vai sua imaginação!
Tripulação de imagens e viagens
E você sonha em voar assim quietinha
só quietinha e feliz
Porque a felicidade é feita
de sonhos e de encantamentos
Mas é verdade... é difícil seguir
pois são tantas trepidações
São tantos turbilhões
São tantos tubarões
Vai..., coragem! não se preocupe não pare
você tem força de sobra pra seguir
trinca os dentes feroz como um leão
enfrenta a chibata
luta uma luta definitiva
Espia de longe sua alma exposta
E se não a reconhece
De cima e de longe localiza suas manchas que são tintas
E seus brilhos que são luzes de variados tons e frequências
Com os quais você pode pintar seu próximo quadro.
MDansa
<3
<3
domingo, 4 de outubro de 2015
436. Fitas de olhos
Quando fujo finalmente
Pra esses olhos
Que me fitam
Enxergo com nossos olhos
Que o amor que me abastece
É invisível
Indivisível
Indistinguível
Improvável
Intocável
E infinito
MDansa
435. Domingo
Sorrisos amores
Pra uma manhã de domingo
Sol, corredeiras,
flores
Pra uma manhã de domingo
Abraços abrigos
Pra uma manhã de domingo
sentimentos antigos
pra uma manhã de domingo
casa arrumada perfumada
pra uma manhã de domingo
revoada
pra uma manhã de domingo
pássaros sinos de igreja
bolo quente café e cerveja
Pra uma manhã de domingo
Acordar num sonho
Esquecer da vida
E lembrar de tudo
Que enxerguei um dia
Nos seus olhos
MDansa
434. Pedra menina
A lua chegou antes da hora
Antes que eu pudesse chorar
você sorriu...
Antes que no céu a menina pedra se cobrisse de nuvens
Como você se enrolando em edredom
Enquanto a lua apressada se levantava
O sol já não importava
Dia ou noite tanto faz
Dois como um só sem saber
As luas as luas
As pedras meninas
As minas
No céu se perderam e
então brotaram dos olhos
águas salgadas
MDansa
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Cura (Katia Fernandes)
Não faz muito, vertia choro
(Lamúria úmida, por entre brechas)
Não faz tanto, se apertava em pranto
(Lamento tímido, por entre frestas)
Por se crer, emergiu de dores
(Torpores sórdidos, à deriva)
Só há pouco, retomou seu pulso
(Batidas trôpegas, de dádivas)
Só a sós, recobrou sua força
(Ritmo cálido, em novas notas)
Com o tempo, ressurgiu em flores
(Pétalas íntimas, em hastes)
Com a vida, se deixou curar
(Abraços prósperos, à espreita)
Por se ser, fez-se fruto
(Néctar exótico, a beija-flores)
E sem perceber, irradiava amores
(Ardores vívidos, em profusão)
Ah! Meu coração....
(Lamúria úmida, por entre brechas)
Não faz tanto, se apertava em pranto
(Lamento tímido, por entre frestas)
Por se crer, emergiu de dores
(Torpores sórdidos, à deriva)
Só há pouco, retomou seu pulso
(Batidas trôpegas, de dádivas)
Só a sós, recobrou sua força
(Ritmo cálido, em novas notas)
Com o tempo, ressurgiu em flores
(Pétalas íntimas, em hastes)
Com a vida, se deixou curar
(Abraços prósperos, à espreita)
Por se ser, fez-se fruto
(Néctar exótico, a beija-flores)
E sem perceber, irradiava amores
(Ardores vívidos, em profusão)
Ah! Meu coração....
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
433. Refugiados
E se movimenta sobre a terra.
Parecem formigas
Mudando de lugar
Mas são humanos e têm medo.
Apavorados e famintos
Como gafanhotos
Procuram alimento e abrigo
E fazem barulho, mesmo mudos
E cravam punhais no coração da humanidade
Porque também são humanos e têm medo.
Cai na praia turca
Um corpo sírio
E toda dor da humanidade
se afunila ali de bruços
Pra permanecer suportável e imóvel
Mas agora aquela criança
nem é mais humana
E já não sente medo....
MDansa
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
O estouro (C. Bukowski)
Demais
Tão pouco
Tão gordo
Tão magro
Ou ninguém.
Risos ou
Lágrima
Odiosos
Amantes
Estranhos com faces como
Cabeças de
Tachinhas
Exércitos correndo através
De ruas de sangue
Brandindo garrafas de vinho
Baionetando e fodendo
Virgens
Ou um velho num quarto barato
Com uma fotografia de M.Monroe.
Há tamanha solidão no mundo
Que você pode vê-la no movimento lento dos
Braços de um relógio.
Pessoas tão cansadas
Mutiladas
Tanto pelo amor como pelo desamor.
As pessoas simplesmente não são boas umas com as
outras
Cara a cara.
Os bons não são bons para os ricos
Os pobres não são bons para os pobres.
Estamos com medo.
Nosso sistema educacional nos diz que
Podemos ser todos
Grandes vencedores.
Eles não nos contaram
A respeito das misérias
Ou dos suicídios.
Ou do terror de uma pessoa
Sofrendo sozinha
Num lugar qualquer
Intocada
Incomunicável
Regando uma planta.
As pessoas não são boas umas com as outras.
As pessoas não são boas umas com as outras.
As pessoas não são boas umas com as outras.
Suponho que nunca serão.
Não peço para que sejam.
Mas às vezes eu penso sobre
Isso.
As contas dos rosários balançarão
As nuvens nublarão
E o assassino degolará a criança
Como se desse uma mordida numa casquinha de
sorvete.
Demais
Tão pouco
Tão gordo
Tão magro
Ou ninguém
Mais odiosos que amantes.
As pessoas não são boas umas com as outras.
Talvez se elas fossem
Nossas mortes não seriam tão tristes.
Enquanto isso eu olho para as jovens garotas
Talos
Flores do acaso
Tem que haver um caminho.
Com certeza deve haver um caminho sobreo qual
ainda
Não pensamos.
Quem colocou este cérebro dentro de mim?
Ele chora
Ele demanda
Ele diz que há uma chance.
Ele não dirá
“não”.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
432. mil faces
Lua
face sua
Minha
outra face nua
Nossa
minha face crua
não estrada
não vias expressas
vias abertas
ferida exposta
Espia
tantas faces tuas
fria
tontass
linhas
Nossas suas
minhas
luas
03/04/2015
MDansa
face sua
Minha
outra face nua
Nossa
minha face crua
não estrada
não vias expressas
vias abertas
ferida exposta
Espia
tantas faces tuas
fria
tontass
linhas
Nossas suas
minhas
luas
03/04/2015
MDansa
quarta-feira, 29 de julho de 2015
431. Deslize
E eu te amparei com carinho e força
Sustentei sua cabeça e segurei seus cabelos
Corri pra cuidar da sua dor
E tão de perto lhe encontrei novamente
Violável e atrevida
Dei de cara com suas extravagâncias
A bebida destravou sua boca
e nos permitiu vômitos e beijos
E você arrastou meu desejo
Pra um canto qualquer
Escuro e fétido
Exigiu que ele se revelasse
Como a um demônio submerso
que perfumou o beco sujo
Nossos olhos fechados fizeram jorrar das fontes
águas de colônia
densas perfumadas e imprudentes
Palavras brotaram telepaticamente
porque a boca lacrada engolia sussurros
Gritos graves e roucos de canhão disparado abriram o peito.
Mas não se escutou nada.
Apenas anjos ouviram o chiar do rio e recolheram pistas
Nossos corações galoparam
Nossos corpos tremeram
E eu... sem culpa.... Finalmente... sem remorso
Curado por mergulhos profundos em abismos intermináveis
virei fumaça em noite fria saindo pela sua boca
formando anéis de saturno
Porque amor é assim
Amor não se sufoca
Não se nega
A culpa se perdeu
ao descobrir todo meu amor no seu
MD
domingo, 26 de julho de 2015
430.Enxergando depois de cega
Aqui neste canto
quieta no final do
dia
Acendo uma fogueira
Bebo um vinho
Sinto um frio subentendido na cara
Refrescando pensamento
Reedito velhos sobressaltos e medos
E já não tenho qualquer vestígio de culpa
Liberta agora posso lembrar
Refazer vagarosa os passos
De um caminho florido
Hortências firmes explodem abrindo a primavera
A cada curva e gesto
Revelam-se tons pastéis
Em brotações repentinas
Enquanto as cores vão saltando
Meus olhos míopes
Tornam todos os contrastes e surpresas, amortecidos
Tudo combina agora
Mesmo embaçada
Quando abro os olhos.
Finalmente enxergo tudo.
É milagre!
MDansa
429. Seu nome é amor
Se eu risco seu nome no papel
Ele voa ou amarela
Como qualquer folha
seca de outono
Se eu desenho seu nome junto ao meu
Na casca de alguma árvore
Ela chora pela ferida
E seu nome vira cicatriz
Se eu rabisco seu nome
Pelos muros da cidade
Seu nome se enche de fuligem
E se perde entre os grafites
Se eu grito seu nome
Em alto e bom som
É só eco que escuto
Vão, sem mensagem
Se eu sussurro seu nome
Quieta num canto da casa
Ele vira vento, se revira todo
E some pra algum mar
Ali vai soprar velas
Desbravar terras
E só assim seu nome
chega
Em algum lugar
MDansa
___________________________________________________
A força de qualquer amor
___________________________________________________
A força de qualquer amor
Só vale a pena
Se construir
Amor que se perde
Que não se transmuta em energia
Não é amor
É covardia
MDansa
428. Voltando do Sana
Quando o corpo volta,
Mas a alma continua lá...
Difícil é se conformar
Quando já não há som
Que camufle nos ouvidos
o silêncio do tempo
Ou a música das folhas
Ou o burburinho das águas
(águas que lambiam as pedras
e se integravam nos seus poros de éter
- não há resistência)
Tão difícil fincar os pés
quando os pés ganharam asas
E querem voltar
quando a pele tem sede de se aventurar
Difícil seguir...
Difícil ficar....
Campos 20/07/2015
MDansa
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