sábado, 31 de agosto de 2013

245. a última visão



Um dia você chora
Sabe que não vai voltar
Olha pra trás pela última vez
Não diz nada, mas entende
Aquilo é uma despedida
A última esperança de elo
O último olhar
que se desintegra agora

As lágrimas brotam sem controle
Na noturna paisagem das ruas
Elas refletem apenas
As luzes dos postes
E algumas estrelas esquecidas
Além da dor e da última visão
Que permanece esculpida na retina
em mil dimensões
Se agora alguém me fitar os olhos
Achará você e o segredo será revelado....

As ruas estão mais desertas que o coração
A solidão destrava um choro doído profundo
incontrolável
Não há porque me conter
não há de quem me envergonhar ou me esconder
a não ser do cão paladino
que tem mais dignidade que eu
só ele me vê chorar

As lágrimas correm, escorrem
Olhos são nascentes deste rio
de fluxo contínuo
As pedras desta corredeira veloz
estão aqui dentro do meu peito
incomodam e doem
Formam cachoeiras gigantes
Queda de água salobra
- o mar despejado no fim do horizonte
Onde tudo acaba num
Abismo de escuridão
(mundo obsoleto, dor obsoleta)

A viagem por ruas fantasmas
Dura uma eternidade
Tenho vontade de voltar
E começar tudo de novo
chamar, pedir perdão, ouvir, 
entender, perdoar, esquecer...

Mas novamente paraliso, me escondo...
- não quero que você me veja assim...
Não fui capaz de dominar
O poder que seu coração exerce sobre o meu
E me perdi...
Sou capaz de renascer ou morrer
Apenas com um gesto seu
Agora o fim do mundo está na palma da minha mão
e nos meus olhos se esconde a sua imagem
que vou guardar ...
fecho os olhos pra te trancar pra sempre 
dentro de mim.


MDansa

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