185. Mensagem

Numa transmissão matinal
Desenfreada, final 
_______________mente
Dizem a verdade

Numa transmissão noturna
apaixonada, cruel
_______________mente
olham nos olhos e
Falam de amor

Numa (trans)missão retórica
Venal
Calma
_______________mente
respiram fundo e
Pregam a paz

Caos
Alma
_______________mente
Transmitem estática
Agora.

MDansa


imagem: http://mygpslostitself.blogspot.com.br/2009_03_01_archive.html

184. Ais



(I) love you
You (I) love
(I) you love
Love (I) you
Love you (I)
You love (I)
I
I
I

MDansa

183. Você e não eu

Enquanto você me fere
Pergunto o que se passa na sua alma
O que, em mim, a incomoda
Ou amedronta

Enquanto você me machuca
Pergunto aos deuses
Que confusões passam por você
Que névoas recobrem seu olhar
Que desculpas você dá a si mesmo
para apaziguar sua alma
E fazer crer que este é o melhor caminho
Que esta é apenas a estocada final
Em uma carne apodrecida

Enquanto você me dilacera
Vejo sua alma
Com tanta clareza que sou capaz de chorar
Por você

Enquanto você me estupra
Vejo nos seus olhos a dor
Pelo que roubaram de você
à força
Pelo que a vida não te deu
Pelo que a vida te castigou
Pelo que a vida te escolheu
Pra ser você e não eu.

MDansa

182. Prefiro

Prefiro suar a tremer
Gritar a gemer.

Prefiro morder a afagar
Desvendar a imaginar

Prefiro queimar a derreter
Te engolir a estremecer

Prefiro morrer...
a te deixar partir.   
                                 

MDansa

181. Monstros

Que monstros te assombram, criança,
Enquanto você vigia?

Que pedras você carrega
Que já não tem forças pra segurar?

Nenhum monstro é tão horrível
Que não possa ser encarado

Nenhuma pedra é tão pesada
Que não possa catapultar

O que te faz sofrer?
O que te faz morrer?
O mundo dá voltas
Espera...
Não há nada que não possa ser transformado 

MDansa

180. Rabiscos

Traço uma curva
Porque a vida retrocede
às vezes

Refaço o caminho distraída
simulando novas encruzilhadas
escolhas

Desenho nas paredes
Riscos de vida
porque a vida é isso:
rabiscos...

Se me perder é algum perplexo destino
Que eu me perca em rascunhos
E me encontre
Passando a limpo
O que me restar da vida.

MDansa

179. Game over

Jogar novamente
Escolher layout
Estabelecer estratégia
Repetir
Mudar
Tentar
Pode ser que dê certo da próxima vez.... 

MDansa

178. Basta!

Basta de calar!

Minha boca solfeja

Cantigas de protesto

Querendo gritar.

Chega de olhar

Como espectador

O mundo passar

Sem história

Sem mudança

Basta de aceitar

Provocações

Abusos

Violência

Chega de acatar

Ordens do estuprador

Chega de admitir

Usurpações

Do meu direito e do seu

Chega de abaixar a cabeça

Como quem se resigna

Com um mundo estático, atroz

A evolução existe

A revolução existe

É possível mudar o mundo.

MDansa

Lars Von Trier

"Tens de ter a coragem de ficar numa situação que te assusta. Assim aprendes que o medo não é perigoso." Lars Von Trier (em o Anticristo)

177. Talvez

Talvez eu desista de tudo

Num minuto

E dê chance a outra vida

Outra tentativa

Outro dia

Talvez eu me mude

De bar de cidade de praça

Pra voar em novas planícies

recortar novos horizontes

Talvez eu pense

Em falar alto, em falar tudo

Em forma de poesia

Mas a língua não comporta uma vida

A língua não cabe na boca

Mas dança na cabeça

E sobra na alma

Talvez eu leia e entenda

O que você me diz

O que a vida me ensina todos os dias

Mas me faço de boba e ignoro

Talvez eu sinta

Tão profundamente

Que me isole... arredia

Nas paredes da casa

Nas paredes da rua

Nos muros da ignorância

Ou da miséria

Talvez você não me veja

Mas eu estou lá

Ou ai

Ou aqui ou acolá

Talvez eu pense

Nas exigências e negocie

A rendição

E aí desista

Da luta

Ou talvez

Insista

Mesmo sem saber aonde vai dar

Se vai dar

Sei lá

Talvez meu coração lateje

Infeccionado

Inflamado de dor

Pronto pra apodrecer

Antes de parar de bater

Talvez eu diga apenas

Que está tudo bem e você nunca vai saber..

.

MDansa

176. Ervas daninhas (Reia)

Uma única semente fez brotar

Um mundo de flores e folhas verdes

De vários tons

 - o chão é profícuo.

Deusas da fertilidade,

Suas bênçãos podem ser maldições!

Neste solo qualquer semente nasce

Pro bem ou pro mal

Humanidade

Intumescimentos

Rompimentos

Desumanidade

Destruição ou coragem

Com um único grão semeais a terra

e dele nascem árvores frutíferas
arvoredo de copas frondosas
florestas ...

Lindas orquídeas que parasitam almas

Ervas daninhas que colorem o chão

Que germinem, que cresçam,

mas não matem a terra.

MDansa

175. Lembranças

Imagens
Palavras
Lembranças
feitas em pensamento
desfeitas em saudade
corrompidas pelas certezas
sutilezas
realidades.

MDansa

174. ( Di ) vagando

 Vaga
Lume!
Vaga
Nau!
Vaga
Bundo!
Vaga
Mente!
Vaga
Mundo!
De
Vagar
Vou longe...

MDansa 

imagem: Slinkachu “Inner City Snail”

173. Novos versos

Invejo palavras que
quase tortas
me soam como vento
numa tarde quente

Invejo construções eloquentes
versos exatos
retratos

Sou um espelho
refletindo linguagem
ecoando verbos
que roubo de você

Sou parasita
da poesia nova
que nasce cresce
e desabrocha
na ponta dos dedos
na ponta da língua
portuguesa.

MDansa

172. ( 21:30h )

Sozinha perambulo
Escutando
Bem longe
Os lamentos
De mais um dia que termina assim 

Fechada , alheia ao mundo,
Saboreio derrotas e fantasmas
medos e segredos.

No final do dia
Atenta a tudo
Percebo silêncios obscuros
Buracos soturnos na noite que quase nasce
Como crateras lunares
Escondidas aqui e ali

São almas perdidas
Desistindo...
Desistindo... 

MDansa

171. Asteriscos

Pontuo os dias

Da minha solidão

Com asteriscos no calendário

Do meu peito brotam

Palavras que enchem a noite

Que me fazem companhia

Já não sou só

Me completo de poesia 

MDansa

170. Enquanto eu dormia

Antes de estar viva
eu dormia
acreditava em fadas
rescendia pureza
e um instinto
de quem quer se perder

As certezas eram todas tênues
frágeis vasos de cristal antigo
que nenhum artista
é capaz de restaurar

Antes de estar viva
eu sorria
sorria nervosamente
querendo vergar o mundo
E o peito ardia de felicidade
e os olhos enxergavam um aconchegante mundo novo
se abrindo

Antes de estar viva
Eu pedia perdão
Eu sentia culpa
Eu acreditava

Hoje mais morta do que viva
apenas sonho

Mdansa

169. Tempo de novo

Recebi uma mensagem
anônima
enigmática
falava do tempo
queria falar do tempo
mas não falou
queria que eu falasse do tempo
mas não falei
nem falo agora
que estou sem tempo

MDansa

168. Surreal

A vida desenha traços

Tortos e abstratos.

A noite interpela o sonho

Por soluções finais.

Além do real,

Muito além do provável,

Encontram-se caminhos fantásticos,

Onde a visão flutua, busca

E pousa em você.

Meu olhar comprido encontra o seu

E nossos olhos se divertem.

A vida traça histórias incríveis

- Sincrônica melodia

na sinfonia do caos,

Recriando poesia,

Remexendo a chama

Do que se chama

Esperança:

Faísca

Que basta pra começar tudo de novo.  

MDansa