quarta-feira, 20 de novembro de 2013

311. Não, não sou eu



Não, definitivamente não sou eu quem escreve aqui
Eu sou aquela que vive a lógica, a ciência, a razão
Eu sou aquela que constrói teses
Observa e desenha  respostas consistentes
Perguntem-me de Deus
Não há respostas
Minha cabeça treinada
Ignora súplicas e rezas

Perguntem-me do homem
Acredito-o animal como outro qualquer
Só que mais perdido, mais atordoado
O único que luta contra sua natureza e ignora sua fragilidade

Não,
Não sou eu  poeta
Poesia é o inverso do meu universo
Procuro encobrir minhas elucubrações poéticas
No anonimato protetor e encabulado
Mas foda-se se me reconhecem
A poesia brota de qualquer maneira, apesar de mim
Apesar das minhas armas precisas e mortais
Apesar das minhas descrenças  friezas dúvidas
Apesar da minha arrogância por saber

Não
Não sou eu que rabisco versos
Que vomito absinto e vodka temperadas de menta e de lágrimas
Que incandescem e lambem meus cabelos e cílios
vaidade que me humilha até meus pelos crescerem novamente

Se não sou eu, quem conduz minha mão?
Quem corrige meus erros?
Quem reescreve meus prantos?
Quem recria minha alma?
Quem fala por mim?
Quem me rouba a cena,
Me deixa de lado,
E subjuga minhas verdades e métodos e metáforas?
Será que Descartes ainda ronda
ou está morto pra sempre 
e não existe
....nem pensa...? Logo.....

Sim, acho que sim....
sou apenas eu aqui
que abdico de mim
pra viver liberdades e ser também um outro

MDansa

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