segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

321. A flor



Sinto meus ossos cansados
- Eles rangem
Tal qual portas empenadas.
Uso pés e joanetes
Que doem
Pra empurrar meus passos
- Eles se arrastam
Perco as forças
- Vou deixando-as pelo caminho –
As carnes estremecem sem desistir

O caminho não tem volta
Sigo...
Persigo...
Prossigo....
Sinto que o corpo fraqueja.
A cada queda
Quebro outros ossos
Eles rangem como dentes escovados
Mesmo assim a alma segue puxando sua carga

Dobradiças enferrujadas fecham as portas
esmagando meus dedos reumáticos
As dores não cessam
As carnes, já fracas, desistem.
Estremecem os caminhos
Cidades desmoronam
E dos destroços surge minha flor
Valeu a pena tanta dor?

MDansa

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