terça-feira, 31 de dezembro de 2013

338. Compulsão (versão 2)

Por que não agora?
preciso interromper o rio
em que correm corredeiras
deslizando em líquens
removendo pedras
escavando túmulos

Por que não sei ainda como negar?
Quem me impele com tanta força
a vomitar respirações
desafinadas pelo medo?

Por que não durmo agora?
fechar meus olhos seria um presente
a noite já já termina
e começa tudo de novo
adiando o que posso fazer diferente

Por que não choro?
se há tanta mágoa
tanta tristeza
tanto ódio...

O leito deste rio secou rachando

Por que escrevo?
rabiscando tanta folha pra nada
tão alegremente
que meus dedos doem
endurecem
e a tinta não acaba

Explodirei...
Quando as folhas forem de árvores frondosas
no outono
bailando em direção ao humus novo
e as tintas evaporarem
explodirei apaixonadamente
de emoção

MDansa

Nenhum comentário:

Postar um comentário