Por que não agora?
preciso interromper o rio
em que correm corredeiras
deslizando em líquens
removendo pedras
escavando túmulos
Por que não sei ainda como negar?
Quem me impele com tanta força
a vomitar respirações
desafinadas pelo medo?
Por que não durmo agora?
fechar meus olhos seria um presente
a noite já já termina
e começa tudo de novo
adiando o que posso fazer diferente
Por que não choro?
se há tanta mágoa
tanta tristeza
tanto ódio...
O leito deste rio secou rachando
Por que escrevo?
rabiscando tanta folha pra nada
tão alegremente
que meus dedos doem
endurecem
e a tinta não acaba
Explodirei...
Quando as folhas forem de árvores frondosas
no outono
bailando em direção ao humus novo
e as tintas evaporarem
explodirei apaixonadamente
de emoção
MDansa
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