quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

330. Tatuagem



Hoje foi o dia de rasgar a pele
Ferir e sentir a carne doer
Risquei flores e lembranças
A dor da ferida me salvou do inferno
Escolhi espinhos
Que agora me perfuram e
Me mantem no mundo
Alinhei caules sedentos ressecados
Que juntos sugam da pele o suor
Destilam seu sal
Que escorre e arde as lesões
A água mata a sede
A mesma água que sobrou da última chuva dos sertões
hidrata agora a alma
afoga sofrimentos
Minha pele estraçalhada sente, arde, queima
...Entra em colapso
Mergulho na escuridão da dor
Agulhas competentes induzem apoptose
(apoteose)
Desmonte, reconstrução
Morte na dor
Embate, holocausto
(Resistência)
últimas forças se extinguindo
quase morro 
de pena de mim
Então me vi.... revivendo em cada célula se reconstruindo
cada célula nova que brota agora carregada de tinta e de saudade
refaz a minha eterna paisagem.
(Resiliência)
em breve será só cicatriz...

MDansa
imagem: acervo pessoal

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