quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

322. Compulsão

Preciso interromper a dança
Preciso bloquear o rio e suas corredeiras
Preciso impedir que a água deslize sobre meus liquens
E arraste as pedras do lugar
Preciso parar...
Por que não paro?
Por que não consigo parar?
O que me impele com tanta força
A vomitar respirações descompassadas pelo medo?
Meu rio não seca
Minhas águas (voluptuosas) correm, engolem, destroem...
Por que não durmo?
Fechar os olhos seria agora presente
A noite já termina...
Por que não choro?
Se há tanta mágoa, tanta tristeza e tanta dor...
Por que escrevo,
Rabiscando tantas folhas com tanta certeza
Que meus dedos doem, enrijecem, adoecem
E a tinta não acaba?
Um dia, quando as folhas secarem no outono
E todas as tintas evaporarem,
explodirei em mil pedaços
pra nunca mais ser uma

MDansa

 imagem de http://veja.abril.com.br/blog/estetica-saude/arquivo/compulsoes/

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