sexta-feira, 18 de abril de 2014

379. Catatonia noturna



Ando na ponta dos pés
Como um fantasma
Vigiando seu sono leve
Assustada tensa atenta
-  Você não deve acordar.

Ando pisando devagar
E silenciosamente
Pra escapar do seu juízo
Da sua palavra reticente
Inquisidora...
Impertinente...
Não sei...

Preciso ficar sozinha
Sinto medo
Por favor, não acorde
não repare meu cabelo assanhado
não encare meus olhos vermelhos
Minha respiração quase incipiente...
Meus suores noturnos e indecentes.

Eu só quero passar em vão
esta noite, somente esta noite
Queria ficar esquecida
Amarelecida como papel velho dobrado
No fundo da caixa de madeira
Que guarda segredos
Dentro do meu mundo
Dentro do meu túmulo
Enquanto você dorme

Por favor, não abra os olhos...
Seus olhos são como luzes
Iluminando meu esconderijo secreto
Questionando
Reprovando
Bagunçando

Noites de fantasmas nus
Catatonia insone noturna
Paralisia cerebral e vital
Inevital (vel)
intencional

Estou imóvel de medo e silêncio
Dorme, por favor, dorme...
e me deixa aqui
esquecida, quietinha
sem questionar
Na hora certa vou me recolher
Na hora certa vou pra perto de você.

MDansa

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