sábado, 20 de julho de 2013

197. Ilha ao entardecer

Queria falar da gaivota branca
(nunca prestei atenção em gaivotas que não fossem as brancas)
Queria falar dos olhos
que me cercavam, espreitavam
Seus olhos...
Morenos, profundos, interrogativos, atávicos
Seus olhos não são um mistério
São meus próprios olhos
E com eles te enxergo
Nossos olhos
me mostram tudo entre eu e você
E todo o resto que não vejo         
Olho bem Lá no fundo
e lembro da gaivotaquasebranca
Na baia de Guanabara
Naquele quaseentardecer que assistimos juntos
Naquela tarde...
Em que uma gaivota perfeita (ou perfeito era você?)
Perambulava pela praia, meio sem rumo, meio vagabundo
Com medo de se aventurar mais longe
Mais fundo
E ficava por ali sem ir a lugar nenhum
E mesmo assim era livre feliz
E completava a paisagem
Nós dois, olhos compartilhados, uma gaivota branca e a paisagem incidental da baia de guanabara

MDansa

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