sábado, 11 de abril de 2015

418. Espiando de longe



Peço licença a vocês, nobres cavaleiros
Devo partir pra montanha longínqua
onde eu possa respirar profundamente
e descansar em paisagens

O burburinho das vozes distantes em uníssono
Compondo um pano de fundo assustador
Monstro sonoro e violento que me tem engolido

Oscilo entre me reconhecer ou me ver distanciada
A que espécie de fato pertenço?
Quem são as células que formam aquele sinistro organismo?

Me permito ali do céu, me destacar da fera, me perceber estranha
/Célula revolta/
E mergulhar verdadeiramente  
No irreconhecível mar de mim
cobra comendo o próprio rabo como ouroboros
/sem os outros, o mundo é vazio de sentido e de valor/
Por favor!!!...

Tento um voo e o vento me leva em espiral
Estarei me movendo de fato
Ou andando em círculos?
Ainda não dá pra saber...

No auge do voo, forças gravitacionais e siderais me puxam,
Disputando a alma
a terra me chama e me exige

Ai, então, cresce aqui um medo
Na escuridão da noite, sozinha, enxergo o medo
Na floresta negra, perdida, encontro o medo
Na guerra torpe, vencida, reconheço o medo
No abismo insondável, ferida, me dói o medo
Em celas inexpugnáveis, presa, liberto o medo

Intensa, insatisfeita, imperfeita, rarefeita, putrefeita, liquefeita
Indefesa, presa, tesa
E aterrorizada....

Desculpem nobre cavalheiros, desisto
Não sou forte pra enfrentar seu dragão.

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