Peço licença a vocês, nobres cavaleiros
Devo partir pra montanha longínqua
onde eu possa respirar profundamente
e descansar em paisagens
O burburinho das vozes distantes em uníssono
Compondo um pano de fundo assustador
Monstro sonoro e violento que me tem engolido
Oscilo entre me reconhecer ou me ver distanciada
A que espécie de fato pertenço?
Quem são as células que formam aquele sinistro organismo?
Me permito ali do céu, me destacar da fera, me perceber
estranha
/Célula revolta/
E mergulhar verdadeiramente
No irreconhecível mar de mim
cobra comendo o próprio rabo como ouroboros
/sem os outros, o mundo é vazio de sentido e de valor/
Por favor!!!...
Tento um voo e o vento me leva em espiral
Estarei me movendo de fato
Ou andando em círculos?
Ainda não dá pra saber...
No auge do voo, forças gravitacionais e siderais me puxam,
Disputando a alma
a terra me chama e me exige
Ai, então, cresce aqui um medo
Na escuridão da noite, sozinha, enxergo o medo
Na floresta negra, perdida, encontro o medo
Na guerra torpe, vencida, reconheço o medo
No abismo insondável, ferida, me dói o medo
Em celas inexpugnáveis, presa, liberto o medo
Intensa, insatisfeita, imperfeita, rarefeita, putrefeita,
liquefeita
Indefesa, presa, tesa
E aterrorizada....
Desculpem nobre cavalheiros, desisto
Não sou forte pra enfrentar seu dragão.
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