quarta-feira, 29 de julho de 2015

431. Deslize

E eu te amparei com carinho e força
Sustentei sua cabeça e segurei seus cabelos
Corri pra cuidar da sua dor
E tão de perto lhe encontrei novamente
Violável e atrevida
Dei de cara com suas extravagâncias
A bebida destravou sua boca
e nos permitiu vômitos e beijos

E você arrastou meu desejo
Pra um canto qualquer
Escuro e fétido
Exigiu que ele se revelasse
Como a um demônio submerso
que perfumou o beco sujo

Nossos olhos fechados fizeram jorrar das fontes
águas de colônia
densas perfumadas e imprudentes
Palavras brotaram telepaticamente
porque a boca lacrada engolia sussurros
Gritos graves e roucos de canhão disparado abriram o peito.
Mas não se escutou nada.

Apenas anjos ouviram o chiar do rio e recolheram pistas
Nossos corações galoparam
Nossos corpos tremeram
E eu... sem culpa.... Finalmente... sem remorso

Curado por mergulhos profundos em abismos intermináveis
virei fumaça em noite fria saindo pela sua boca
formando anéis de saturno

Porque amor é assim
Amor não se sufoca
Não se nega
A culpa se perdeu
ao descobrir todo meu amor no seu

MD

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