sexta-feira, 25 de outubro de 2013

275. Alpendre ( Alto Alegre)



Balanço da rede
Fibras musculares tensionando fibras de algodão
Movimento e intenção de coisa alguma
Só leveza e fleuma
Só nada a não ser pluma.

Horas não contadas,
Distração de tempo e embaraço
- Abraço -

Segredo vespertino
Que aquece da chegada da noite fria
Cantarolam as cadeiras de balanço ruidosas
Estamparia de estrelas
Anunciada pela ave-maria

Alpendre de barro e tronco
De onde nascem e se derramam raízes profundas
Cravadas na carne e na tarde
Impregnadas em olhos cegos e eternos
- minha saudade -

Serenidade morna que preenche tudo
Até não restar pensamento
Só momento

O céu jorra cores escandalosas
A dor se alastra e se encolhe
O sol se põe engolido pela terra esponjosa

Em minhas fotografias mentais
Guardo pra sempre
Cada vai e vem pendular
E suas badaladas finais

A casa toda tem cheiro de eternidade

MDansa

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