sábado, 28 de maio de 2016

459. Travas quebradas

Quem no escuro da noite
Se reconhece?
No momento em que ensurdecem uns sentidos
E afloram outros mais críticos
Sou outro

Quem na calada da noite
Se percebe?
No momento em que sentidos despertam
Música, estrelas, acordes
Outro me domina

Quem na hora mais imprópria
Se esquece?
No momento em que os monstros povoam
Ruas, estrelas, flores e vultos
Outro me aparece

Esta é a hora
Quando silencio a vida mundana
-  aquela vida tão óbvia -
E deixo aflorar a loucura
Porventura
Desventura
Incensura
Clausura
Criatura
Que habita
aqui em silêncio
Esperando a hora
Certa
Pra destravar
O mundo que tento ocultar

Quem na madrugada
Se encontra?
No momento em que finalmente
É a hora e o lugar de confessar

Não há fechaduras
As chaves foram perdidas
Cadeados arrombados
Tudo se escancara e se mostra
No momento em que os segredos se revelam
E as máscaras caem

É tão libertador
É tão bom ser verdade
É tão intenso ser completo
É tão correto ser todo o bem e todo o mal
Liberto!

O mundo me dá e me toma
O mundo me destrava e me doma
E eu sigo oscilando entre prisões e devaneios


MDansa

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