sábado, 17 de maio de 2014

385. Relógio bandido



Ei! que tic-tac estressante é este
que já me azucrina?
Malditgo o tempo
o tempo inconstante
que é como o percebo
Apesar dos paradigmas
Das ciências, das verdades
Do que o mundo acredita

Seu marca passo me atropela
Me acautela
me escalpela
- escrava sonhando liberdade.

Tempo que rouba no jogo
Altera o ritmo
Ao seu bel-prazer
Ao seu bel-desprazer
Ao seu bel-desfazer

Tempo que contraria meu coração
Que, revoltado, segue lento
Seu som me acorda me entorta
Me porta me abre me escancara
me encara
me escarra
me exporta
me empurra e me deixa, me forra
uma sensação de que não presta
de que não resta
nada mais que alguns poucos minutos preciosos
e uma última taça de vinho

Relógio atrevido maldito
Ontem mesmo...
Quando eu precisava acelerar tudo
O tempo me desmentia
e passava tão devagar nos seus ponteiros preguiçosos...

Hoje estou eu aqui... tentando entender
Como tudo mudou
E me vejo já no final da vida
Sem ter tido tempo... (é... tempo.... )de viver
Porque ele já passou

Os dias que antes eram longos
Largos encantados
Ignoram agora meus anseios
Fodam-se meus desejos
E todas as tarefas
E todos os ideais
E todas as metas
E todas as noites
Que preenchem meus dias
E dão algum sentido a eles

A sensação de tempo inútil e indomável me engole
Porque não há tempo pra nada que preste
A sensação de poucas e insuficientes horas
De desperdício e  futilidade
Do tempo rebelde e incontestável....
De impossibilidade de passar pelo
que ainda quero, que ainda altero
que ainda adultero
que é ainda bolero
Bailo... sem parar....

Os ponteiros disparam galopando
Em direção à reta final
Façam suas apostas que o páreo está prestes a terminar....
e a Cinderela ainda está muito longe de casa.

MDansa
imagem: http://giofilth.files.wordpress.com/2011/03/relogio_dali.jpg

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