segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

349. Ao leitor



Perdoa-me leitor
Se arrasto você pros meus abismos
Se exponho você às lesões da minha lepra
Úlceras escondidas e ignoradas

Perdoa-me leitor
Se te acuso - réu indefeso e inocente -
Por meus crimes
E sinto pena de mim em vez de remorso
Como se eu fosse santa
Como se eu não fosse culpada
Como se fosse fácil

Perdoa-me leitor
Por mostrar máculas
Que nenhum produto químico remove
Que nenhuma confissão redime
Que nenhum castigo limpa ou perdoa

Perdoa-me
Por carregar você nesta jornada triste e escura
Em direção a algum lugar ou a lugar algum
(não sei onde isso vai dar)
O que será que eu preciso ser
ou recuperar
ou construir
ou demolir
ou entender ?

É  meu o caminho a trilhar
E mal sei ainda
Que esquina dobrar
Que escada subir
Que montanha escalar
pra perceber
Que foram somente minhas as escolhas
Que me trouxeram até aqui
Que foram somente minhas as opções que construí
Com memórias erros decepções beijos

Desculpe expor assim
O que devia ficar calado
Sou humana pra justificar meus desvios
E sou capaz de me arrepender
Só quero, algum dia, encontrar a saída
das inesgotáveis e duras consequências que suporto
por escolher certos rumos.

Mas não vou desistir agora....

MDansa

imagem:
http://www.mocadosonho.com/2012/06/dos-meus-abismos-com-leticialcoelho.html

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