sábado, 8 de dezembro de 2012

Alvéolos Ínferos (Ronald Augusto)

obra sucata de coração imprudente fez
aquele não permitindo entre corpo
e linguagem sinal de menor cópula

pensou ocupar-se apenas do espírito
atribuindo equívocos ao corpo
e vocábulos atinados ao pensamento em repouso

mas agora o vento nos atormenta e
nos faz presentes em meio a águas imensas
imaginamos o inimigo nas redondezas

e ele sem novas da guerra sequer nos pensa
nas ondas do aqueronte opulência sicária
naked egg insensato e levado de barca

ao mais turvo lordo da bocarra do inferno
setas inúteis o vencedor agitará 
tendo em mira a sombra dos vencidos

ainda no palácio mudo de ramos e brisa
com desnecessária perícia − depelo congelado −
equipes rivais para distrair a eternidade

jogam um xadrez de dés no quadrículo interminável
uma folia de reis onde campeia o empate e
quizila sem margens jugulando talento

almas-rãs romaria serpente atada à
própria cola e às vezes à alheia
indo dar por círculos vagabundos em areia

incandescente com rastros de mais gente

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