sexta-feira, 14 de março de 2014

364. As portas x The Doors

As portas


Já corri, baby
Continuo correndo sem voltar os olhos
Não me siga. Não me diga...
Não enxergo mais relógios
que batem  histórias (com)passadas
em duras badaladas
marcando marchando mancando
Vejo cronômetros
Avisando do tempo decrescente
que ainda tenho

Venderei minhas lantejoulas
As jóias que não penhorei ainda
Todos os artigos publicados em revistas importantes
que pesam agora bem menos que todos os sentimentos acumulados no peito
Venderei carros estacionados
Em vagas de idosos
Esquecidos por demências, decadências, indecências
Doenças amilóides neuronais degeneram meus passos,
minha alma e tudo o mais
Sem que eu possa tentar, sem que eu consiga lutar,
Sem me dar chances
Pra escapar ilesa
Da morte por atropelamento.

Esta confusão quase mental quase letal
Pode ser só o começo do fim
Ou a permissão pra poder errar
Tentar, recusar o mundo
E mergulhar pra dentro, implodindo
ou num universo paralelo, explodindo
Agora só a free mind reconhece
e permite
the last the best option
onde espero enfim encontrar respostas
Que sejam suficientes coerentes finais
que me convençam
e nada mais

MDansa
____________________________________________

The Doors

Você não entendeu, baby.
Nem tentou entender - apenas desistiu,
pois não queria nada deste mundo
Você cuspiu nas regras, baby
viveu com astros girando em torno
Do seu próprio sol
Como se apenas você estivesse vivo irradiando
Experimentando paixões e peiotes
sentidos carnais loucuras
sentimentos vãos pagãos, por pouco sagrados

Você correu tanto, baby, 
que logo engoliu o mundo
como uma loja de doces à sua disposição
Até que seus músculos falharam
E você não pode mais rir deles
Nem copular, nem cantar, nem falar merda
Suas pupilas não se dilataram mais,
Suas papilas saturaram/ gosto/desgosto/
Seu coração entristeceu, apodreceu/ stroke como um trovão arrebatador/
rasgando a cidade sociedade saciedade ansiedade peito
Nenhum dos sentidos nunca mais foi satisfeito
não houve mais prazer...
 
Sem saber como escapar de si mesmo, quase morto
a prisão passou a ser não você, mas o outro
Os limites que se estenderam à sua frente ainda estavam ali
mas agora te negam a passagem :
cavaletes de rotinas e almas penadas
E rituais burocráticos bloqueiam seu caminho

Eles feriram o que restava da sua pele
por trás de tatuagens imaginárias que ainda ardiam
Até que seu próprio corpo e remorso e sofrimento
E fronteiras do mundo físico e astral
Te impedissem  definitivamente

Só então você, derrotado, enxergou a saída
Somente uma e uma única chance de se libertar...
Então...
Foi por ali sem medo
E sem dúvida
e sem parar.

Vai baby, vai morrer.
Só lhe resta estremecer  agonizar
tentar outra solução desconcertante
escandalizante
que rompa a rotina alienada cega insensível
imprevisível
- O mundo nunca mais será o mesmo.

Não que faça diferença, mas
eu continuarei aqui correndo, sem chorar,
tentando, sem pensar...
adiando o final
fugindo da SUA solução banal

Vai baby,,, vai em paz...

MDansa

Depois de ver o filme biográfico do Jim Morrinson (The Doors)
imagem: http://www.camisetascaetano.com.br/loja/products.php?product=Banda-The-Doors-73

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