Primeiro chegaram fazendo barulho
e mancharam nossa vista e audição
trouxeram de longe, novidades:
- medo, vergonha e humilhação
Logo roubaram nossas almas
guardando-as em caixas sem fundo
nos fazendo vazios....
e rompendo nossa conexão com outro mundo
Então sorrateiramente nos tomaram a terra
a terra que nos sustentava
o que restou nos oprime agora
e resiste banhada de sangue e cobiça infiltrada
Depois disso, usurparam nossos cantos sagrados
a melodia e o ritmo do meu povo
pra adornar outros rituais
mais vazios, mais fúteis, mais profanos
Agora isso...
Agora isso...
Sem remorso nem tristeza,
entoaram nossa música em transe
evocaram sem saudades nossos mortos
Heresia! Desonra! Crime!Tristeza!
Ignoraram nossas crenças
trouxeram doenças e mentiras
humilharam nossos saberes e curas
Sujaram nosso território
de um lixo mundano e fedorento
imutável, eterno e inexorável
em nome de que?
em nome de quem?
As marcas do nosso corpo
- seja pintura ou cicatriz,
iniciação de homem e de guerreiro -
foram copiadas e impressas com giz
sobre peles de outra cor
onde a dor não purga os pecados
onde as cicatrizes não retratam
a força de um povo honrado
/arte roubada e costurada
em pele com nossos escalpos \
em nome de quem?
em nome de que?
que tipo de deuses vocês evocam?
a que forças da natureza vocês suplicam?
por que destroem a ponte sagrada
que nos levava aos céus
nos isolando dos deuses
e outros protetores do céu e da terra
ignorância e desrespeito nos põem em perigo
Flecharam de longe nossa inocência
Macularam nossas tradições
Colocaram em risco nossa existência
e nosso descanso eterno e paixões
em nome de que?
em nome de quem?
Não queremos seus espelhos, língua, dinheiro e fés.
Em nome do seu pai
e do seu filho
e do seu espírito insano:
devolvam nossa altivez
não estraçalhem ainda mais o que nos resta de alegria e dignidade
Vão em paz
e, por favor, antes de sair...
levem seus rifles
lavem nossas almas usadas
(elas ainda não estão perdidas)
deixem aqui os restos de coragem
e outros restos que nos restam
talvez ainda possamos reconstruir
nossa infância
e começar outra vez,,,
MDansa
sábado, 4 de outubro de 2014
406. As Barbatanas da baleia - A embolada (S.Dansa)
Diz uns maluco
Que nós, bactéria dos intestino
Vivemo dentro de um menino que é também um ser vivente
Fico pensando: eita povo delirante!
Fica pondo essas idéias na cabeça dessa gente!
O certo memo é aproveitá desse mundo
Procurar raso e profundo tudo que há de se comê
As consequência nós deixa pros nossos fio
Que esses trem fora do trilho nem o tempo pode dizer
Se dá de um tempo aonde a comida é farta
Nós comi que nem lagarta, come merda e come pus
Entope os tubo, engorda que nem bexiga
E nós uns porco de uma figa ainda pede mais a jesus
Nós devoremo as barbatana da baleia
Nós devoremo as noites claras do sertão
Nós devoremo o mito e a sereia
Comemo as veia, artéria e coração
Nós devoremos os cego e os videntes
As almas santas, a vassoura e o caldeirão
A alvorada, os tambor e os terreiro
Devoremo o mundo inteiro da palma de tua mão
Nós devoremos essas desgraça de preto
os branco sujo, os eunucos e os gays
Nós devoremo a piroca mais gigante
e fingindo sermos amantes
nós comemo o cu dos reis
Nós devoremo a mente de jesus cristo
E ainda assim nós fomo visto jantando no altar do eterno
Nós devoremo os sete chifres do capeta
E tamo se lambuzando nas labareda dos inferno
Nós comi e caga e no meio dessa lambança
nós diz, é com segurança, que nós somo tudo ateus
Por conta disso, num dia de displicença
Nós pedimo até licença e comemo os óio de deus
Nós rói as viga, nós devora as estrutura
Seja mole ou seja dura, seja anjo ou seja o "cão"
Nós devoremo as ratazana e a lua cheia
comemo nossa senhora e fomo cagar no valão
SDansa
(outra gota no mar de dansas)
Que nós, bactéria dos intestino
Vivemo dentro de um menino que é também um ser vivente
Fico pensando: eita povo delirante!
Fica pondo essas idéias na cabeça dessa gente!
O certo memo é aproveitá desse mundo
Procurar raso e profundo tudo que há de se comê
As consequência nós deixa pros nossos fio
Que esses trem fora do trilho nem o tempo pode dizer
Se dá de um tempo aonde a comida é farta
Nós comi que nem lagarta, come merda e come pus
Entope os tubo, engorda que nem bexiga
E nós uns porco de uma figa ainda pede mais a jesus
Nós devoremo as barbatana da baleia
Nós devoremo as noites claras do sertão
Nós devoremo o mito e a sereia
Comemo as veia, artéria e coração
Nós devoremos os cego e os videntes
As almas santas, a vassoura e o caldeirão
A alvorada, os tambor e os terreiro
Devoremo o mundo inteiro da palma de tua mão
Nós devoremos essas desgraça de preto
os branco sujo, os eunucos e os gays
Nós devoremo a piroca mais gigante
e fingindo sermos amantes
nós comemo o cu dos reis
Nós devoremo a mente de jesus cristo
E ainda assim nós fomo visto jantando no altar do eterno
Nós devoremo os sete chifres do capeta
E tamo se lambuzando nas labareda dos inferno
Nós comi e caga e no meio dessa lambança
nós diz, é com segurança, que nós somo tudo ateus
Por conta disso, num dia de displicença
Nós pedimo até licença e comemo os óio de deus
Nós rói as viga, nós devora as estrutura
Seja mole ou seja dura, seja anjo ou seja o "cão"
Nós devoremo as ratazana e a lua cheia
comemo nossa senhora e fomo cagar no valão
SDansa
(outra gota no mar de dansas)
405. Adolescência (S.Dansa)
Afinam suas trompas, violinos
Enrolando em cachos, os seus tão finos
Sonhos, assombros e quimeras.
...e enquanto batem tambores, os meninos...
Os cabelos ela alinha, ainda em terra
pra lançar-se altiva aos mares, em guerra,
em busca dos prazeres tão divinos.
Arrisca-se às voadoras lanças
Carrega ferida a sua criança...
às vezes morta, sonhadora...
E já no mar ao mar se entrega
Deixando longe a velha praia segura
Mergulha, afoga-se e bem profundo navega
pra respirar despida, inteira, viva, impura
Bem em frente à dupla face da megera
Calor, frio.... Primavera
a dor e a cura, um novo dia...
E, em fúria, flor e fantasia
O deixar de ser deixa de haver
No prazer que há de quem lhe quer
e morto enfim o sonho de voltar a ser
nesce então de vez uma mulher.
S. Dansa (outra gota no mar de dansas)
Enrolando em cachos, os seus tão finos
Sonhos, assombros e quimeras.
...e enquanto batem tambores, os meninos...
Os cabelos ela alinha, ainda em terra
pra lançar-se altiva aos mares, em guerra,
em busca dos prazeres tão divinos.
Arrisca-se às voadoras lanças
Carrega ferida a sua criança...
às vezes morta, sonhadora...
E já no mar ao mar se entrega
Deixando longe a velha praia segura
Mergulha, afoga-se e bem profundo navega
pra respirar despida, inteira, viva, impura
Bem em frente à dupla face da megera
Calor, frio.... Primavera
a dor e a cura, um novo dia...
E, em fúria, flor e fantasia
O deixar de ser deixa de haver
No prazer que há de quem lhe quer
e morto enfim o sonho de voltar a ser
nesce então de vez uma mulher.
S. Dansa (outra gota no mar de dansas)
sábado, 20 de setembro de 2014
404. Caminhadas
A vida segue
continua em frente
continua em frente
Estes passos
Cada vez mais frenéticos
Marcam na areia e no barro
As dúvidas que carrego
(Como cigana
Andarilha ou pássaro
Procurando pouso?)
(Um beduíno dono do mundo
Ou apenas alguém que se perdeu das próprias raízes?)
Deslocada em terras profanadas
Enquanto não encontro respostas, vou
Violando regras
Invadindo tendas
Mundos, igrejas,
Filosofias, certezas
Propriedades privadas
Domínio público
Encontro gentes e me
Aconchego
Apenas pra me sentir em casa
De vez em quando
MDansa
402. Incertezas

Intuo como cigana
que o que tenho a dizer
É eco
Minha palavra
Minha língua
Minha mina
Parecem ressecadas
Não acredito mais em certezas
Duvido do que era confiável
Desconfio do que era razoável
Aposto em loucuras e voos rasantes
Os ninhos estão vazios agora
Olho quieta para uma solidão desconcertante
Que parece inutilidade
Que me faz duvidar de mim
Que me faz duvidar de tudo
Que talvez me mova pro abismo
E eu ainda descubra
Que posso voar
Ou não...
MDansa
401. Poesia é quase nada
A poesia me incomoda
É inconstante
É invasiva
Vem nas horas mais impróprias
E martela na cabeça
suplicando pra sair
pela boca pelos dedos
pelo peito que explode
pela boca pelos dedos
pelo peito que explode
A poesia me cansa
Tenho por ela
uma mistura de enfado e desprezo
Tenho que estar louca pra achar
Que isso vale alguma coisa
Tão íntima
Tão inútil
quase ridícula
quase ridícula
A poesia me arrasta
Pra lugares
Que não quero frequentar
Me ver como poeta
Quando poetas são tão estúpidos
Me faz entender que eu sou tão estúpida...
A poesia me expõe
Ao mesmo tempo que me envergonho
E me escondo
Preciso que você me leia
Me entenda
Me justifique
Me tranquilize
Afinal é só pra isso que escrevo
Pra que você continue achando que me ama
MDansa
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
400. falar de que?
dos suores quando escorrem
afogando certos amores
da minha pele que desafina
quando o inverno passa assim
quando o inferno passa por mim
tão quente e tão frio
quase meio tom
da carne quando queima febril
da fumaça, da bruma, do vapor que entorpece
da névoa da noite
da cama
das suas costas
Do que é só febre descontrolada
fumegando de células desacopladas
Falar do corpo descompassado
da pele ardendo ruborizada
não não é mais de vergonha
apenas me acostumei com o medo
apenas queimo
sem discernimento
sem razão
toda ilusão
do que me irradia
como reflexo de lua
oferta aos orixás
de histórias narradas
de sombras ensimesmadas
de sobras metálicas
de tardes melancólicas
de dobras metabólicas
que seguem a via errada
entropia desavisada
onde perco me perco
e não falo
não falo
Mdansa
afogando certos amores
da minha pele que desafina
quando o inverno passa assim
quando o inferno passa por mim
tão quente e tão frio
quase meio tom
da carne quando queima febril
da fumaça, da bruma, do vapor que entorpece
da névoa da noite
da cama
das suas costas
Do que é só febre descontrolada
fumegando de células desacopladas
Falar do corpo descompassado
da pele ardendo ruborizada
não não é mais de vergonha
apenas me acostumei com o medo
apenas queimo
sem discernimento
sem razão
toda ilusão
do que me irradia
como reflexo de lua
oferta aos orixás
de histórias narradas
de sombras ensimesmadas
de sobras metálicas
de tardes melancólicas
de dobras metabólicas
que seguem a via errada
entropia desavisada
onde perco me perco
e não falo
não falo
Mdansa
399. Até o fim
Até o fim do dia me cubro
exalando vapores e paixões
Até o fim da noite me descubro
emanando frescor
que gela os poros
respiração fria lenta
calmante e durmo.
MDansa
exalando vapores e paixões
Até o fim da noite me descubro
emanando frescor
que gela os poros
respiração fria lenta
calmante e durmo.
MDansa
398. Teias
Que meus cadernos se desfolhem
E minhas telas trinquem
E minhas portas tranquem
E meus cabelos trancem
E minhas pernas dancem
e minhas dores cansem
e minhas peles clamem
e meus laços atem
e minhas mortalhas matem
Que meus cachos encaixem
que meus braços alcancem
Que meus sapatos descansem
Que minhas tetas rachem
que meias teias bastem
que meus olhos tramem
Que meus punhos te amassem
que meus erros fracassem
que meus sentidos amem
MDansa
E minhas telas trinquem
E minhas portas tranquem
E meus cabelos trancem
E minhas pernas dancem
e minhas dores cansem
e minhas peles clamem
e meus laços atem
e minhas mortalhas matem
Que meus cachos encaixem
que meus braços alcancem
Que meus sapatos descansem
Que minhas tetas rachem
que meias teias bastem
que meus olhos tramem
Que meus punhos te amassem
que meus erros fracassem
que meus sentidos amem
MDansa
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Nikolas Behr
Põe Sia Nisso
agosto 79
quando minha veia poética
estorou ela virou pra mim
e disse " deixa sangrar "
|
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
397. Eus e deus
1. São teus
Os olhos sem mistério,
água limpa e profunda que me diz pra mergulhar
que me conta em segredo o que enxergou tão longe:
que me conta em segredo o que enxergou tão longe:
- as coisas invisíveis se revelam devagar...
______________________________________________________
2. São meus
Os cacos que recolho do céu, camuflados nas estrelas
Os cacos que recolho do céu, camuflados nas estrelas
E o casaco pesado
que visto
Pra nova vida névoa
que é quase morte
que é quase morte
e por isso é fria
______________________________________________________
3. São breus
As noites em que chafurdo
em arrependimentos, questões mal resolvidas, negócios inacabados
Lama de mágoa líquida e amor sólido
_______________________________________________________
4. São ateus
Os que criam a própria eternidade
Os que não podem errar / pois não contam com a complacência
divina\
Que não podem pecar /pois
não tem o perdão \
Não conhecem a serenidade e a quietude de quem tem fé
Por isso sofrem....
_______________________________________________________
5. São fariseus
Aqueles marcados /talvez\ pelo jugo cristão hipócrita e
revanchista
Apontados como brutos, sórdidos, putos, lutos, guerras,
suicidas, terras sem útero, povo sem glória
/Quem é quem nesta guerra arrastada e violenta?
Só a paz tem razão!\
______________________________________________________
6. São orfeus
Aqueles que se perdem no mundo inferior
Em busca de amores mortos
Que subornam barqueiros /atravessadores de mundos\
Só é preciso acreditar em milagres, me dizem...
Mas não me deixam provar mitos e deusas
Por que não?
_______________________________________________________
7. São camafeus
Os que perfuram meu peito
Os que se prendem à
minha pele, os que não descolam de mim
/pedra fina cinzelada cravada como tatuagem\
Prêmios alexandrinos
Eros estampado como convite... Sedução...
E você não percebe meu tesão
______________________________________________________
8. São ateneus
O que nos salva da estupidez e da barbárie
Livros abertos, sabedorias, saberes, arte
Que nos alimentam, recriam e elevam
Que nos pinçam do mar sujo de humanidade torpe
ilhas perdidas numa imensidão oceânica
Flutuo pra parecer que sei
mas não entendo nada.
Que nos pinçam do mar sujo de humanidade torpe
ilhas perdidas numa imensidão oceânica
Flutuo pra parecer que sei
mas não entendo nada.
________________________________________________________
9. São amadeus
Os filhos de celtas, anjos da música
Os filhos da puta, anjos da vida
wolfgangs inquietos vienenses libertos
wolfgangs inquietos vienenses libertos
Almas angustiadas infelizes
que lançam no mundo
a mensagem arrebatadora avassaladora
que muda tudo, violentamente
a mensagem arrebatadora avassaladora
que muda tudo, violentamente
Poder da dor, contradição...
Divindade....
__________________________________________________________
10. São Zeus
tudo o que é início e o que é fim
tudo o que é pai e executor
rei e traidor
O sangue bandido herdado de Cronos
O herói banido sem capa,nem músculos,
nem juventude, nem ideologias patriotas
nem juventude, nem ideologias patriotas
Apenas arquétipo
Apenas resumo
Apenas triunfo
E isto é apenas tudo.
___________________________________________________________
11. São eus
Os que enxergam o que não se vê
Os que não dobram joelhos nem pedem perdão
Os que já estão quase mortos
Os que se lançam na escuridão
os embrutecidos, os drogados
os anti-heróis os sonhadores os apavorados
tudo que me excita ou me fraqueja
tudo que me cura ou me apedreja
tudo que me cura ou me apedreja
Os que são pisoteados
Os enganados, os fodidos
Os humilhados, os renegados, os ressentidos
os atacados os estuprados os entendidos
os vilipendiados, os estripados e os bandidos
___________________________________________________________
12. São todos EUS:
As partes de mim que nascem todo dia
E tudo aquilo que morre dentro em você
porque meus eus também são seus
E os meus seus são deus!
MDansa
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