Quem sou eu pra ser poeta?
as palavras me doem
raramente escorregam
são demoradas, pesadas
Quem sou eu pra me apresentar como poeta?
Quando meu dedo em riste
que aprendeu a apontar
se vira pra mim
toca repetidamente e se ri.
Quem sou eu pra me julgar
ou me intitular profeta
Quem sou eu pra prever o fim de tudo?
Eu que nunca tive soluções
nem rimas
nem discursos
nem conselhos
nem sonhos nem sinais
Sou ré, todo dia
Sou meu juiz e meu executor
Tudo estava bem aqui debaixo do meu nariz
mas eu não quis olhar
Embriagada de vinho barato
entregue à solidão
me distancio cada vez mais
Quero apenas velar meu corpo
procurando as marcas
que ganhei e outras
que sempre estiveram lá
MDansa
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