domingo, 28 de abril de 2013

139. O que restou

Aqui não há doçura
não há meiguice
Aqui há sangue, pus, excremento
Recolhimento

Pontos se rompem
cicatrizes se abrem
a carne explode
sujando as paredes de rancores

Aqui há feridas mortas
purgando intenções humorais
fluidos, lágrimas, gozo

Aqui há chagas, males, linfa
brotando da lesão
Infecção

Aqui não resta amor
uma borboleta jaz
na podridão dos esgotos

Aqui há larvas de moscas indóceis
à procura do alimento
Tormento

Aqui há odor de vômito
de sarna corroendo o cerne

Não há espaço pra pássaros
que não sejam abutres

Aqui só há lixo desenterrado
minando chorume
no meu coração
Perdão!

MDansa

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