sábado, 8 de outubro de 2016

467. Esbarro e te prendo em mim
















Esbarro em você neste caminho estreito
Soam despretensiosas notas casuais...
te espreito....
Despudoradamente sinto a pele arder
Jogos de luz e sombra sensoriais
toque leve ... que antecedo
maciez delicada ...  que segredo
viagem no tempo alguns segundos mais 
algo menos que nada
aquilo que contamos como eternidade, onde se permanece...
enquanto tudo tão rápido passa ...envelhece

Esbarro e me detenho na fração desse algum segundo
Deslizo nas cordas/fibras dos seus músculos e do seu mundo
numa união/mistura que me cola e que me toca
Pele com pele, harpa
Carne com carne, farpa
agentes de fusão invisíveis
Repriso o sabor a viagem avidamente indescritíveis
 ... respiro, não descolo
Não tem replay e não retorno
Permaneço fundida sem saída
Permaneço outra,  mais de uma que de mim, dois em um... quase assim
resultado de implantes, transplantes
Dessas peles novas em carnes velhas vermelhas e errantes
Repositório de poros e respiradouros humanos
Permaneço fodida e sangrando pensamento líquido e linfa pelos olhos insanos

Esbarro e peço perdão
E me desculpo pra que o olhar também se esbarre
Casualmente então olhos se confrontam se confortam aconchegam e acomodam
Lágrimas se somam  indissociáveis, alimentando um rio
Línguas serpenteiam e não falam por um fio
Olho para qualquer coisa no meio do caminho que não é um nem outro mas um outro terceiro
O que resulta daquele segundo único raro e passageiro
eterno como os deuses estrangeiros
Eterno aqui
Aqui mantido
Aqui pra sempre reprimido
Aqui ainda e ainda e ainda  tempo e toque
que não passa e não passará e não está mais, nunca esteve
Travas de olhares tão intricadas
Que Chaves não abrem
Que nenhuma força arromba
Que dinamites não explodem
Trevas de visão distorcida...
que não enxerga!
nem sei se permanece viva
no que me alberga

Esbarro e não sei mais o que fazer
Esbarro e você não sabe o que reter
Carregamos este estalido cármico lacônico compartilhado e mudo
Do nada que é presente, do insondável que é futuro e de qualquer coisa que é passado e quase  tudo

Aguardamos neste transito feroz
um sinal verde
que abra portas e janelas
que permita preencher de luz o dentro
enquanto transitoriamente aguarda o tempo
que nos esconde e  se esconde 
e dispara antes que se avermelhe ... verde talvez... ainda.. o sinal
o sinal de que tudo pode dar certo
um sinal... só um sinal...

Esbarro e fico e duvido
Fico  e escarro e saboreio
Encaro e defino e escancaro
Eu volto eu retorno eu volteio

Mas no instante seguinte quando me perco
É final de dia, de mês, de ano, dos tempos
Pode ser que seja um  recomeço *ou um retrocesso?)
com o sabor doce e amargo do que ficou por aqui pela língua
como memória


/08/2016
MDansa


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