quinta-feira, 17 de julho de 2014

395. Ainda há tempo



Não, não perpetue a blasfêmia de
enfeitar de plásticos e excrementos
Estas matas
De tornar lamacentas estas águas
De amputar membros belezas e futuros.

Não, não pague por cirurgias deformantes
Sorrindo e acreditando
Que não ser você mesmo
Te faz melhor

Não compactue com explorações imobiliárias
(estagnárias, estraganárias*)
que nos deixam pecar

Paraísos indefesos são expostos
invadidos encardidos erodidos explodidos fodidos

Meus sensores sentem a falta do que
Ainda não desapareceu
Mas é beleza e prazer
em risco de extinção.

Receptores químicos
Olfatos
Paladares
Músicas
Transes
intuições 
Rituais
espirituais

Sentidos rendidos vendidos
Esvaziados embalsamados
Chorarão arrependidos
Quando nada mais existir
Pra se amar e sentir

Não, não espere mais
Adie o dia
Em que só seu egoísmo sobreviverá
Só sua ambição triunfará
Só suas soluções provisórias ilusórias estúpidas
Prevalecerão

Por favor, compreenda
que a única saída
Pra prevenir esta triste morte
- o colapso da existência -
É festejar celebrar preservar
Proteger a vida

MDansa


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