Não, não perpetue a blasfêmia de
enfeitar de plásticos e excrementos
Estas matas
De tornar lamacentas estas águas
De amputar membros belezas e futuros.
Não, não pague por cirurgias deformantes
Sorrindo e acreditando
Que não ser você mesmo
Te faz melhor
Não compactue com explorações imobiliárias
(estagnárias, estraganárias*)
que nos deixam pecar
Paraísos indefesos são expostos
invadidos encardidos erodidos explodidos fodidos
Meus sensores sentem a falta do que
Ainda não desapareceu
Mas é beleza e prazer
em risco de extinção.
Receptores químicos
Olfatos
Paladares
Músicas
Transes
intuições
Rituais
espirituais
Sentidos rendidos vendidos
Esvaziados embalsamados
Chorarão arrependidos
Quando nada mais existir
Pra se amar e sentir
Não, não espere mais
Adie o dia
Em que só seu egoísmo sobreviverá
Só sua ambição triunfará
Só suas soluções provisórias ilusórias estúpidas
Prevalecerão
Por favor, compreenda
que a única saída
Pra prevenir esta triste morte
- o colapso da existência -
É festejar celebrar preservar
Proteger a vida
MDansa
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