sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

362. Casca D'Anta (1)



(de baixo)

Estas espumas brancas que caem
Desprezando humanidades e carmas
Ignoram a mim e a você
Como fazem a elas, os humanos

Estas espumas brancas que caem
são fantasmas felizes
Brincando, alheios ao mundo
E às nossas dores, dramas, ambições, convicções
Apenas povoam as águas

Povoam as águas
Povoam as águas
Povoam as almas
Povoam as águas

Povoam minha alma
E escorrem
Escorregam
Brincam
Brancos
Espumantes
Aerados
Fantasmas
Em queda livre
Em queda, livres
Até evaporar no encontro
Com o lago profundo gélido negro
Buraco e espelho
Amparo
Negro
Gélido 
Profundo
Cova de enganos e deslizes
anti matéria
anti lógica
antitese

Água negra ...espuma branca
A verdade do universo engole as dúvidas e dívidas
Meu ego
Incapaz de atravessar  limites
Ou fingir importância
É esmagado
Sou nada. Nada!
Sumir neste momento me faria mais sábia
Tornar-me-ia parte líquida do mundo...
me afogar me libertaria

Universo imponente e aterrorizante
Meu lugar exato  é
um espaço insignificante nisto tudo
Entendo agora, me resigno
A partir daí, fica mais fácil viver.

Água que engole almas
Água que engole almas
Alma que engole águas
Alma que engole águas

Alma que se banha, se refresca e revigora
Águas pulsam vivas e correm
E encontram veias gélidas
Do medo ....que é seu destino final
ou só  um desafio a mais
a ser superado

MDansa

imagens: acervo pessoal. Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais.
Cachoeira Casca d'Anta, a primeira queda do rio São Francisco, depois da nascente. Visão de baixo. A cachoeira tem 162 m de altura.

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