quinta-feira, 12 de abril de 2012

O último trato (Tagore)

Einstein & Tagore
Certa manhã eu ia pela pedregosa estrada,
quando com a espada na mão, chegou o Rei em sua carruagem.
“Eu me vendo!”, gritei. O Rei pegou minha mão e disse:
“Sou poderoso, eu posso te comprar”. Mas de nada valeu o seu poder
e voltou sem mim na sua carruagem.

As casas estavam fechadas sob o sol do meio-dia
E eu vagava pelas ruas curvas,
quando um velho carregando um saco de ouro veio ao meu encontro.
Hesitou por um momento, e me disse: “Sou rico, posso te comprar”.
Uma a uma, ponderou as suas moedas. Mas eu voltei-lhe a espada e saí

Anoitecia e o campo do jardim estava todo em flor.
Um gentil rapaz apareceu diante de mim e me disse:
“Eu te compro com o meu sorriso”. Mas o seu sorriso empalideceu
e borrou-se nas suas lágrimas. E se voltou sozinho outra vez à sombra.

O sol reluzia na areia e as ondas do mar rompiam caprichosamente.
Uma criança estava sentada na praia brincando com as conchas.
Levantou a cabeça e, como se já me conhecesse, disse:
“Posso te comprar com nada”. Desde que fiz este trato, jogando, sou livre.

Robindronath Tagore
(adaptado por Marli Savelli de Campos)

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