terça-feira, 24 de abril de 2012

Lugares - Shala Andirá

cavar?
como seguir o caminho sem chão
se as pernas ajudam a cavar  o espaço com as mãos?
quanta parede meu Deus! quanta cortina o palco confina.
não sei onde começa, continua, não termina.
sei onde arde, queima, ilumina
sei onde induz-se um sorriso
adormecendo a esperança divina, boca vazia, estricnina
pensamento no estômago: anestesia fina
ali, onde dormem tranquilas borboletas suicidas
bem ali, onde entendi, pensamento no corpo,
coração escorrendo no suor do meu rosto
rio buscando retorno
sal, que é mar. ar. voar?! vôo!?
um café um chá um cafuné um cinema?
um filho uma passagem um futuro uma porta um prego um poema?
um altar um muro um dilema?
um papel em branco.
um canto escuro
para a gente se lamber, se lembrar, para a gente se esquecer
fora da página, fora do muro, fora do esquema
um lugar algum lugar, uma mágica
um canto escuro
para a gente se ver se encontrar se escrever
nessa página, um fonema
um canto escuro para a gente, suar, salgar, se devorar
e ficar
no insaciável lugar do azul. desapropriar o blues.

Shala de Andirá

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